Como Ser uma Boa Madrasta…
Entrar em uma nova família pode ser um desafio, e o papel da madrasta é cheio de particularidades. Geralmente, as madrastas assumem uma responsabilidade maior em questões do lar do que os padrastos e, muitas vezes, sentem uma pressão para criar uma “família feliz”. Embora não existam fórmulas mágicas, é possível promover um ambiente saudável e de apoio ao incentivar a comunicação aberta e investir em momentos de qualidade com os enteados.
Conversando com os enteados
- Dê um tempo para eles.
É comum a mulher sentir mais responsabilidade de fazer a família funcionar, mas lembre-se de que os enteados precisam de tempo para se adaptar. Alguns vão te receber de braços abertos, enquanto outros podem ser mais reservados ou até relutantes.- A transição é difícil para eles, seja paciente. Pode demorar até dois anos ou mais para as crianças se sentirem confortáveis.
- Crianças mais tímidas ou adolescentes, por exemplo, podem precisar de mais tempo para se abrir.
- Não tente ocupar o lugar da mãe.
Seu papel pode até evoluir para algo mais “maternal” com o tempo, mas não crie essa expectativa logo de cara. Muitas vezes, as madrastas assumem o papel de conselheira, principalmente para adolescentes.- O importante é que o relacionamento seja saudável e que funcione para todos.
- Estabeleça limites com carinho.
Toda criança precisa de regras e limites. Pode ser tentador “afrouxar” as regras para conquistar o afeto dos enteados, mas isso só vai criar mais problemas no futuro. Seja firme, mas gentil, como se fosse uma professora. No entanto, deixe que o seu parceiro assuma o papel de educador principal.- Exemplo: “Aqui em casa, a gente não faz isso.”
- Fale com calma, sem gritar.
- Crie um ambiente sem julgamentos.
Mostre para os seus enteados que eles podem se abrir com você, sem medo de serem julgados. Isso ajuda a fortalecer o vínculo.- Exemplo: “Eu me importo com você e quero que você me diga como se sente.”
- Compartilhe também suas emoções. Por exemplo: “Quando você não me escuta, eu sinto que minha opinião não importa e fico chateada.”
- Seja confiável.
O divórcio pode abalar a confiança das crianças nos adultos. Portanto, seus enteados precisam sentir que você é uma pessoa de confiança. Não quebre promessas e esteja presente para apoiá-los sempre que precisarem. - Deixe-os passar tempo a sós com o pai.
É importante que os filhos mantenham um relacionamento sólido com o pai, então incentive momentos só entre eles. - Não leve as coisas para o lado pessoal.
Seus enteados podem ter dificuldades em aceitar a nova dinâmica familiar. Podem ficar divididos entre a lealdade ao pai e à mãe biológica. Não tolere falta de respeito, mas também não espere afeição ou gratidão imediata. Isso vem com o tempo. Continue sendo paciente e dando o seu melhor.
Criando vínculos com seus enteados
- Passe um tempo individualmente com eles.
Conheça-os melhor dedicando tempo para cada um. Pergunte sobre o dia, interesses e passatempos. Mostre que você se importa, ouvindo-os com atenção.- Se vocês morarem juntos, tente incluir momentos diários com cada criança. Podem trabalhar em um projeto juntos, como colecionar algo ou fazer artesanato.
- Respeite as tradições da família e crie novas.
Tradições familiares são importantes, e você deve respeitar as que já existem. Mas não tenha medo de criar novas rotinas ou rituais que promovam união.- Exemplo: uma noite de jogos em família ou um jantar especial toda semana.
- Apoie os interesses dos enteados.
Vá aos jogos, apresentações e eventos deles. Mostre que você se importa e apoia o que é importante para eles. - Evite favoritismo.
Se você tiver filhos biológicos, tome cuidado para não demonstrar favoritismo, seja pelos filhos ou pelos enteados. Equilibre a atenção entre todos.
Comunicação com o parceiro e a ex-mulher
- Defina seu papel com o parceiro.
Converse com o seu parceiro sobre o papel que você terá na dinâmica familiar. Alinhe as expectativas sobre a relação com os filhos dele e sobre o casamento em si.
- Pergunte se há limites impostos pela ex-mulher em relação aos filhos e respeite esses limites.
- Veja se o parceiro participa na educação.
Alguns pais podem afrouxar a disciplina por culpa após o divórcio. Certifique-se de que o seu parceiro está comprometido com as regras e não deixa tudo nas suas mãos.
- Exemplo: “Eu preciso que você me ajude com a disciplina. Fica difícil para mim conquistar o coração deles se eu for a única a impor limites.”
- Nunca fale mal da mãe biológica.
Evite comentários negativos sobre a mãe das crianças, e não permita que o seu parceiro faça o mesmo. Isso pode magoar os filhos e prejudicar seu relacionamento com eles. - Estabeleça uma boa relação com a ex-mulher.
Se possível, tente criar uma relação cordial com a ex-mulher. Isso pode aliviar a resistência dos filhos em te aceitar, pois eles não vão sentir que estão traindo a mãe.
- Tente marcar uma conversa e esteja aberta para ouvir.
- Reserve tempo para si.
Lidar com essa nova família pode ser um processo desgastante. Não se esqueça de cuidar de você mesma. Tire momentos diários para recarregar as energias. - Fortaleça o relacionamento com seu parceiro.
É fácil focar toda a energia nos enteados, mas não esqueça do casamento. Vocês são o exemplo de um relacionamento saudável para as crianças. Se a relação de vocês for forte, todos ganham.
- Reserve momentos só para vocês, mesmo que seja apenas para tomar um café.
- Valorize-se sem desvalorizar os outros.
Entrar em uma nova família pode fazer com que você se esforce ao máximo para ser aceita, mas cuidado para não abrir mão do seu valor. Não significa que você deve desvalorizar o outro, mas sim lembrar de se colocar em primeiro plano também. - Se perdoe e perdoe os outros.
O autoperdão é essencial. Não se culpe por cada dificuldade. A jornada é longa, e o aprendizado vem com o tempo. - Busque terapia se necessário.
Se a convivência estiver difícil, considere a terapia familiar. Isso pode ser uma ferramenta valiosa para resolver questões antes que se tornem problemas maiores.
Dicas:
- Aborde crianças de diferentes idades com estratégias apropriadas. Adolescentes, por exemplo, podem precisar de apoio extra.
- Garanta que as crianças tenham um espaço só delas em casa.
- Não tente competir com a mãe biológica. Ajude a fortalecer o vínculo delas.
Avisos:
- Seja paciente. É comum enfrentar resistência no início, mas não perca a esperança.
- Não pense que ter outro filho resolverá os problemas da nova família.
- Quando decidir ter filho converse com os enteados sobre a ideia de ter irmão é importante.
Eu sou Cássia Melo, Mediadora sistêmica Extrajudicial, Medrasta e Mãe.